domingo, 29 de março de 2009

A plena razão de Heráclito

A ameaça da discórdia entre os planos
Torna inimaginável um futuro pacífico
Procuro no fusco dos olhos da menina taciturna
A quantidade de adrenalina pra um só coração
Avisto uma luz no fim do túnel
Talvez a radiação luminosa provinda
De uma fonte particular como a vela
Ou talvez seja a luz que carrega
O segredo da escuridão

Procuro as meias como um velho ranzinza
Que tateia as cômodas por não ter visão
E vejo que o quociente obtido nesta conta perturbadora
É tão cruel quanto o produto da multiplicação

Agora subtraio os opostos em questão
E embora eu não encontre resultado conclusivo
Deixo a dualidade ser uma
Deixo o uno ser dual
Deixo tudo como está
E deixo para Heráclito a plena razão

(Jorge)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Mundo Nefasto

Já me indaguei de coração aberto
Se realmente sou um ser pusilânime
Creio ser uma informação inverossímil
Continuo querendo a vida sob meus ditames

Não é fria a forma como tenho me comportado
É que tenho passado por estranhas sensações
E como mecanismo inconsciente de defesa
Escondo-me como ratos em porões

Não acredito em mudanças do meu pobre estado
Habitando este intolerável mundo nefasto
Corrompido por vermes de um falso jardim

Não acredito na proeza de uma melhoria
Me encontro submerso no mar da melancolia
Já se foram todos os serafins

(Jorge)

segunda-feira, 2 de março de 2009

A guerra

Campos de lutas são mares revoltos
Convulsões repentinas por bandeiras coloridas
Fagulhas de ódio repicam em corpos nervosos
Corações batendo com chagas bem vivas

Armados com cólera desenfreada
Patentes descuidadas desmarcadas por estrelas
Sem brilho, sem cor, sem alma
Esperam a morte ou o fim da peleja

(Jorge)

Vem ao mundo, imundo

Vem ao mundo, imundo
Carregar seu corpo
Vagar sem rumo
Será apenas mais um vagabundo

Perca a esperança
Nada te espera
Desiste enquanto há tempo, pequeno
O futuro já era

Não vale o tempo que se perde
Não queira conhecer a fome
Nem herdar o pobre nome
De um outro João Ninguém

Pega o cordão que te prende, começo de quase nada
Coloca-o em volta do pescoço, quando estiver formado
E o sofrimento vindouro
Não terá a menor chance de mostrar sua cara

Joga fora o lixo que se chama vida
Ou vem ao mundo que não te espera
Vem comer o pão que o diabo amassou
Pois teu futuro já era

(Jorge)

Tempo dos Facínoras

Loucos, calabouços, quimeras...
Vermes insabidos, o tempo dos loucos já era ?
O calor e o frio são apenas um...
O tempo de ontem e o de hoje, é o tempo das feras.

Espera que te chamem sábio
É apenas mais um dentre tantos insanos
Entra ano e sai ano, meu caro
E ainda há de ouvir diversos disparos..

Mistura sua laia, forja um, dois, três doidivanas...
Há um preço pela audácia
Pensa que fez um belo trabalho, Diabo
Construiu mais umas pragas.

Vem ao mundo nú, chora que é sinal de boa saúde
Enverga-te ao homem de estola
Espera a água cair lentamente em tua cabeça, miúdo
Prepara o teu pescoço pra degola

(Jorge)

Mais um dia infeliz ?

Não quero ver o sol nascer, tão cedo
As trevas noturnas me trazem paz
Vou pedir ao sol que espere um pouco, um pouco mais
Que me deixe contar todas as estrelas
Antes de raiar mais um dia infeliz
Vou me perder nas contas
Fazer de conta que me perdi
Assim enganarei o sol
Da mesma forma que o mundo nos engana
Dizendo que um dia ensolarado é um dia feliz

(Jorge)