segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A pedra filosofal

A força motriz que me propulsiona ao éden
É renegada pela força tirana das bocas moralistas
Me recuso a pensar que a verdade é obtida
Se esquivando dos maiores prazeres da vida

Tenho o elixir para insensibilidade de cérebros moribundos
Minha eloquência, pura loucura razoável
Sou uma espécie em ininterrupto conflito
Um ser extremamente sorumbático

Seria prodigiosa uma mudança abrupta de comportamento
Ou uma mera tolice de cunho hipócrita
Abdicar aquilo que me traz contentamento
Sem a mínima perspectiva de melhora

(Jorge)

Pose

Vejo edifícios coloridos
Escondendo os rostos cada vez mais tristes
São concretos sobre concretos
Que decerto não preenchem o vazio de suas almas
Nas vias eu vejo máquinas
Transitando suas carcaças bem vestidas
Falso é o júbilo que aparentam
Os verdadeiros escravos de coisas inanimadas

Quão morta é a vida desta gente que se acha
Merecedoras do cetro do poder mundano
Enfeitadas como uma árvore de natal
Não compreendem tamanho desengano
E quão néscia é a tradição destes falsos moralistas
Que enxergam a plebe como almas sujas
Viram o ano vestidos de branco
Escondendo o ódio no bolso da blusa

Com uma excessiva insatisfação compreendi
Que a vida passou a ser uma mera jogada
Tostões, patrimônios, situações definidas
Um eterno baile de máscaras
Por isso espero não permanecer aqui
Diante de tanta falsidade
Vendo o homem ficando cada vez mais podre
Se tornando cada vez mais carne

(Jorge)