segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tempo, tempo, tempo...

Já é outra hora
Pior que outrora
Isso eu temo

Passam as horas
Mesmas horas
Outras tantas horas
Em tantos mesmos relógios
Trazendo desalento

Passa o dia
Cai outra noite
Surge outro dia
Urge outro tempo

Vive um homem
Morre esse homem
Nasce outro homem
Surge outro tempo

Murcha uma prímula
Nasce um bem-te-vi
Por vezes
O tempo de morrer
É o mesmo de nascer

Coisas distintas são traçadas
Ao mesmo tempo

Agora
Uns estão colhendo
Outros dormindo
Tantos outros morrendo
De fome
De sede
De tempo esgotado

Agora
Uns estão lendo
Livros escritos há séculos

Agora
Eu estou escrevendo
E vou escrevendo
Para que em outro tempo
Possam me ter

(Jorge Rêgo)

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